Osteoporose: o tempo não para

Agenor de Miranda Araújo Neto nasceu em 4 de abril de 1958. Teria neste julho de 2022, 64 anos. Teria, mas Agenor faleceu aos 32 anos em 7 de julho de 1990, deixando umas das mais belas e tocantes obras poéticas e musicais da língua portuguesa. Essa imortal, se você me permite a utilização de tal clichê.

Você talvez não ligue o nome à pessoa. Ou o nome à obra. Mas certamente conhece bastante do que escreveu e viveu Agenor de Miranda Araújo Neto, porque Agenor é mais conhecido como Cazuza, vocalista e principal letrista do Barão Vermelho no começo da trajetória da banda, e principal voz contra o preconceito, a rabugice e a caretice já em carreira-solo, quando – os fãs poderão confirmar – lançou suas melhores canções.

Entre elas, “O Tempo Não Para”, que virou título de seu disco ao vivo de 1989. Escrita em parceria com Arnaldo Brandão, a letra tem trechos que combinam curiosamente com o nosso assunto de hoje, a osteoporose.

Peço, entretanto, que não se assuste, pois esse é um mero exercício de um médico que gostaria de alertar as pessoas de um jeito leve sobe esse grave problema – porque, não, Cazuza não escreveu “O Tempo Não Para” pensando em osteoporose, definitivamente não.

Mas podemos curtir a contundência da canção e da poesia de uma maneira diferente. Veja mais a frente, porque antes vamos falar um pouco deste problema que afeta os ossos.

A Osteoporose

A osteoporose é uma doença que causa a perda de massa óssea, deixando os ossos porosos e frágeis, propensos a fraturas. Por não ter sintomas, muitas vezes o paciente só descobre que está com osteoporose quando a fratura já ocorreu.

De acordo com o IOF (Internation Osteoporosis Foundation), considerando toda a população mundial, 1 entre 3 mulheres após os 50 anos de idade irão sofrer fratura óssea decorrente de osteoporose. Já entre os homens, a proporção é de 1 a cada 5 na mesma faixa etária; ou seja, a incidência de osteoporose é maior em mulheres.
Perceba que o tempo é implacável com nossos corpos. Faz parte da natureza nossa fragilidade se acentuar com o passar dos anos.

Seria ótimo se os jovens pudessem ter a sabedoria e a experiência dos mais velhos, e que os mais velhos tivessem a força e vitalidade dos mais jovens. Mas não é assim.

Por isso, é bom prevenir desde cedo os possíveis problemas que possam aparecer com o passar implacável dos anos. No caso da osteoporose, as dicas são até singelas: exposição ao sol com regularidade, evitar fumar e ingerir bebidas alcoólicas, exercícios regulares e alimentação rica em cálcio e vitamina D, por exemplo.

Lembre-se: osteoporose é a doença óssea metabólica mais comum e prevenível do corpo!

Sou forte, sou por acaso

Cazuza abre “O Tempo Não Para” com esses versos:

Disparo contra o sol
Sou forte, sou por acaso
Minha metralhadora cheia de mágoas
Eu sou um cara
Cansado de correr
Na direção contrária
Sem pódio de chegada ou beijo de namorada
Eu sou mais um cara

Podemos deturpar esses versos como um aviso: vá ao encontro do sol, se fortaleça e lembre-se que somos todos obras do acaso. Não se canse de correr, de se esforçar, de contestar, mesmo que isso canse e não dê frutos imediatos.

Não desista

Mas se você achar
Que eu tô derrotado
Saiba que ainda estão rolando os dados
Porque o tempo, o tempo não para

A vida não se encerra quando a gente descobre uma doença ou um problema qualquer em nosso corpo. Longe disso. A ciência, a medicina, luta para que se encontre uma solução e muitas vezes essa solução existe (leia mais sobre isso aqui).

No caso da osteoporose, para conter a perda de massa óssea, é preciso ajustar a dieta para ingestão adequada de cálcio e vitamina D, inclusive com suplementos, exercícios físicos e medicação – e os dados vão continuar rolando.

O tempo não para

Essa talvez seja a maior certeza que a humanidade tem: o tempo não para e é impossível fazê-lo parar.

O que podemos fazer é nos prevenir contra sua ação inevitável. Algumas pessoas jamais desenvolvem sintomas de osteoporose, e esse silêncio pode ser cruel, porque quando a gente se dá conta, pode ser bastante dolorido, por conta das fraturas, que podem causar deformidades, especialmente na coluna. Então, a palavra certa nesse caso é sempre “prevenção”.

Se o tempo não para, como bem cantou o poeta, vamos usar essa certeza a nosso favor.

Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não para
Não para não, não para

Para não ver o futuro repetir o passado, converse com seu médico, informe-se sobre a doença e se previna!

Lesões nos ossos: contusão, fratura, entorse ou luxação?

Ossos e cartilagens formam nosso esqueleto – o dos animais vertebrados. Um adulto tem 206 ossos no corpo, mas quando somos bebês, temos uma quantidade maior, que vão se fundindo até chegar ao pouco mais de duas centenas.
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Fale com seu médico: a palavra nos une e nos faz entender

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Vitamina D: vem chegando o verão!

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Osteoporose: o Senhor Vidro e a medicina como super-herói

Elijah Price vive em uma cadeira de rodas ou andando com uma bengala. Ele possui uma deficiência genética chamada osteogênese imperfeita, que afeta como o corpo produz colágeno, a proteína que ajuda a fortalecer os ossos. Em qualquer situação cotidiana, seus ossos quebram. E ele sente dor com isso.

Ele tem “ossos de vidro”; por isso, é chamado de “Senhor Vidro”.

A doença é grave, mas Elijah Price é um personagem fictício. Foi interpretado no cinema pelo grande Samuel L. Jackson, no filme “Corpo Fechado”, de 2000, com direção de M. Night Shyamalan.

E era o vilão. Um vilão que via no personagem de Bruce Willis um super-herói da vida real, para além dos quadrinhos, porque Willis havia sofrido um acidente de trem, onde todos morreram, menos ele. O personagem de Willis nunca ficava doente, muito menos quebrava os ossos. Por conta de sua condição, o “Senhor Vidro” invejava todos aqueles que podiam simplesmente viver com normalidade.

Mas, apesar da raridade da condição do personagem fictício, a vida real nos apresenta uma doença que está bem longe de ser rara – e que tem relação com os ossos.

Osteoporose

Quando falamos de osteoporose, imaginamos aquele idoso com os ossos frágeis e distorcidos ou já acometido por uma ou mais fraturas, mais comumente no fêmur, punho ou coluna vertebral.

Ela é uma condição que deixa os ossos frágeis e porosos. Com o passar do tempo, aumenta-se o risco de fraturas, sobretudo nos punhos, quadris e coluna vertebral, às vezes, gerando hospitalizações e cirurgias. Não é um quadro extremo como o do “Senhor Vidro”, mas é algo que requer bastante atenção e preocupação.

Até porque a osteoporose é silenciosa. Não apresenta sintomas até que o problema já esteja em estado avançado.

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Tipos

A forma mais comum de osteoporose, também chamada de primária, entretanto, pode surgir já na quarta década de vida, acometendo principalmente mulheres.

O que devemos nos atentar é que um terço das osteoporoses são, no entanto, secundárias.

Ou seja, há outros fatores que induzem à perda de massa óssea, e muitos deles têm a ver com o estilo de vida. Por exemplo: etilismo, tabagismo, uso frequente de corticoides, hipotireoidismo, cirurgias bariátricas, tumores, entre outros.

Nesses casos, podemos encontrar indivíduos com osteoporose antes mesmo de quarenta anos de idade.

No caso das mulheres, mudanças hormonais que surgem com a menopausa, interferem diretamente na perda de massa óssea – a osteoporose pós-menopáusica.

Detecção e tratamento

A osteoporose precisa ser encarada com seriedade.

Mesmo que a consulta tenha outra finalidade, na Ibedor, o corpo clínico já inclui rotineiramente exames específicos para detecção precoce dessa doença e seu tratamento adequado.

Para conter a perda de massa óssea, é preciso ajustar a dieta para ingestão adequada de cálcio e vitamina D, inclusive com suplementos, exercícios físicos e medicação.

Tais cuidados e tratamentos não existem para a doença rara do “Senhor Vidro”. Mas para a osteoporose, que é bem comum, a medicina e a atenção cuidadosa funcionam como super-heróis: podem ajudar e dar qualidade de vida.