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Joelho: muitas opções de tratamento

Talvez os mais novos não lembrem, mas Zico, o grande jogador do Flamengo e da Seleção Brasileira (e que depois virou um treinador de sucesso no Japão), foi nossa grande esperança nas Copas de 1982 e 1986, com o inigualável Telê Santana de técnico.

Em 1982, na chamada “Tragédia do Sarriá”, o Brasil perdeu de 3 a 2 pra Itália, três gols do falecido Paolo Rossi, quando precisava só de um empate. Era um timaço aquele Brasil e a eliminação foi uma catástrofe nacional. Mas logo viria 1986 e aquela geração poderia colocar fim ao jejum que vinha desde 1970.

Mas em 29 de agosto de 1985, no Maracanã, quando Márcio Nunes, zagueiro do Bangu, deu uma entrada desleal em Zico, tudo mudou. O zagueiro arrebentou o joelho do maior craque daquela geração cheia de craques.

O Galinho de Quintino se viu com uma “torção no joelho direito”, segundo a imprensa da época. O craque flamenguista teve de operar o joelho. Ele foi para aquela Copa do Mundo, no México, em 1986, sem condições ideais e acabou perdendo um pênalti decisivo contra a França. Brasil fora e o sonho do tetra, adiado (até 1994, como hoje a gente sabe bem).

Joelhos e joelhos

Cada caso é um caso. Não é preciso ser atleta profissional para ter lesões graves como a do nosso craque Zico. Inclusive, a época era outra e hoje, talvez, Zico tivesse melhores condições de recuperação.

O joelho, como se sabe, é uma articulação sinovial bastante complexa, com patela, menisco, ligamentos, cartilagens… A sua função de sustentação do peso do corpo, de articulação, movimentação e flexibilidade impõe muitas obrigações à estrutura, que com o passar do tempo ou com o estresse de determinadas atividades pode, sim, desgastá-la.

Mas tal evolução para desgastes ou avarias por impactos dependem de cada caso. O fato é que o tratamento para o joelho pode se dar com algumas opções.

Caminhos a seguir

Nos casos de degenerações, inflamações ou algumas entorses, o tratamento conservador é a primeira opção. Mas, em alguns casos, as infiltrações articulares, ou periarticulares com corticoides, ácido hialurônico ou, mais modernamente, ortobiológicos, o plasma rico em plaquetas (link) e o aspirado de medula óssea podem trazer alívio e reparação do tecido lesionado.

Também podemos utilizar os bloqueios de nervos da articulação como adjuvantes para alívio da dor, proporcionando conforto e segurança ao paciente, para imersão em um programa de reabilitação articular através de exercícios de fortalecimento, alongamento e ganho de propriocepção, dependendo de cada caso.

Uma opção de tratamento interessante nos casos de artrose dos joelhos nos idosos é a técnica de neuromodulação dos nervos geniculares: de maneira pouco invasiva, é possível obter alívio da dor e rápida recuperação do paciente, podendo mesmo evitar uma cirurgia convencional.

Gol de placa

Como se vê, as opções são muitas, mas todas elas dependem de rigorosa avaliação do seu médico ortopedista. Mais uma vez, cada caso é um caso. As variantes são muitas.

Joaquim Grava, membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, anos depois relembrou ao canal SporTV a difícil recuperação do atleta: “Zico teve uma lesão de ligamento cruzado anterior e ligamento colateral. Na época em que o Zico foi operado, ainda não tínhamos desenvolvido a cirurgia da reconstrução do ligamento cruzado anterior. Era muito difícil, você ficava três meses de gesso, aí você tirava o gesso, fazia uma recuperação lenta, era tempo de um ano e meio, dois anos”.

Hoje, a recuperação é um passo importante, com protocolos que ajudam a melhorar essa fase. Sorte nossa que a medicina evoluiu. O nosso gol de placa é a perseverança de médicos, pesquisadores, estudiosos, cientistas e, claro, pacientes, que se dedicam em todo o processo. Se o joelho tem algum problema, a medicina pode te ajudar. Daí, quem sabe, você poderá comemorar pulando euforicamente o próximo título mundial do Brasil.

Escrito por

Dr. Douglas Santos

Ortopedista especialista em coluna
CRM: 117988

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