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Fale com seu médico: a palavra nos une e nos faz entender

Algumas coisas são essenciais para unir sociedades em sua amplitude. Uma delas é a língua. É o falar que aproxima as pessoas e as aproxima. Se comunicar e ser compreendido é o básico das relações humanas.

Hoje, em todo o mundo, existem mais de 7 mil idiomas identificados e ativos. Entretanto, dessas línguas, 10 são faladas por mais da metade dos 8 bilhões de seres humanos.

Segundo o site Ethnologue, que organiza a pesquisa Ethnologue 200, com os 200 idiomas mais falados no mundo, “mais de 88% das pessoas falam uma dessas línguas como nativa, e muitas centenas de milhões a falam como segunda língua”.

As mais faladas

A mais falada é o inglês, seja como primeira, seja como segunda língua, o que é natural, dado o poderio colonizador da Inglaterra, no início da Era das Navegações, e a força econômica e cultural predominante dos Estados Unidos há mais de 100 anos. Filmes, músicas, negócios, turismo, quase tudo é norteado pelo inglês. São mais de 1,4 bilhão de falantes.

Em segundo, vem o mandarim chinês, pelo simples fato da China ter uma população (oficial) de 1,4 bilhão de pessoas – desse montante, 1,12 bilhão fala o mandarim, que na verdade é a união de dialetos chineses.

O mesmo vale para o terceiro lugar, o hindi, da Índia, com uma população de 1,36 bilhão – acontece que na Índia, existem 22 línguas oficiais (o inglês, por exemplo), o que faz “apenas” pouco mais de 640 milhões de pessoas falarem o hindi como primeira ou segunda língua.

O espanhol tem mais de 550 milhões de falantes, graças especialmente à América Latina, do México à Argentina, incluindo o Caribe. Se você fala inglês e espanhol, pode ter uma certeza: vai conseguir se comunicar com mais de 33% das pessoas do mundo.

E se você fala português, então, pode colocar na conta mais 300 milhões de pessoas – culpa basicamente do Brasil, com seus 220 milhões de habitantes. É a oitava ou nona língua mais falada do mundo, alternando-se com o Russo, dependendo da conta.

Portugal, com 10 milhões de pessoas; Angola, com 32 milhões; e Moçambique, com 30,4 milhões; inflam a conta. O idioma ainda é falado na Guiné-Bissau (população do país é de 2 milhões), Guiné Equatorial (1,36 milhão), Timor Leste (1,3 milhão), Cabo Verde (550 mil), São Tomé e Príncipe (220 mil) e territórios onde o português existe, mas está sendo deixado de lado, como Macau, na China, e a província de Goa, na Índia (veja o vídeo abaixo).

Busca de entendimento: o uso da palavra

Com mais de 7 mil idiomas e com as fronteiras cada vez mais inexistentes, desde as Grandes Navegações, 500 ou 600 anos atrás, os seres humanos precisavam se entender em várias áreas, com o intuito desde fazer negócios até passar conhecimentos.

Sim, porque na mesma medida que a quantidade de pessoas vivendo no planeta aumentava, o conhecimento também se expandia.

O francês, por exemplo, que é uma das 10 línguas mais faladas do mundo, ficou como idioma oficial da documentação utilizada na diplomacia, embora o inglês seja o utilizado nas conversas cotidianas nessa área.

Na ciência, os cientistas foram buscar em línguas outrora mais faladas como a base para uma compreensão: o latim e o grego.

São esses dois idiomas que norteiam a formação de muitas palavras que utilizamos na maioria das línguas ocidentais para descrever doenças, partes do corpo, procedimentos, remédios etc.

Etmologia

É na etmologia que podemos buscar a compreensão para muitas doenças, porque os seus nomes tem uma lógica. A etimologia é o estudo da história ou origem das palavras.

A própria palavra “etmologia” é um exemplo. Segundo descrição de Ana Paula de Araújo, do site Infoescola, ela “vem do grego étumos (real, verdadeiro) + logos (estudo, descrição, relato) e significa hoje o estudo científico da origem e da história de palavras”.

Na nossa coluna vertebral

No Ibedor, somos especializados em identificar, cuidar e tratar de problemas na coluna vertebral. E são muitos os nomes que emprestamos do grego e do latim que ajudam nortear o trabalho do médico.

Por exemplo, “osteoporose”. A palavra é uma junção do latim OSSUM, de “osso”, com o POROS, do grego para “passagem”. E não é que é um ótimo resumo do que é a osteoporose?

Que tal “escoliose”? Ela vem do grego SKOLIOSIS, que significa “encurvamento”, a partir de SKOLIOS, que é algo como “dobrado” ou “encurvado”. Bingo: mais um acerto!

“Lordose” vem do grego LÓRDOSIS, algo como “estado do que é curvado para trás”, a partir de LORDÓS, que é “curvado para trás”.

“Artrose” vem do grego ARTHRON, que é “junta” ou “articulação”.

“Estenose” vem do grego STENÓS, que significa apertado.

O “ose” de todos eles indica uma doença não inflamatória, significa um estado ou situação.

Se a pessoa tem uma “discite”, o sufixo “ite” mostra que ela tem uma inflação no disco. Ou seja, tem “ite” no nome do problema é porque está inflamado.

Outros exemplos

“Cóccix”: essa vou emprestar a explicação ótima de “O Dicionário de Termos Médicos”, de Manuel Freitas e Costa, edição da Porto Editora, que o site Origem da Palavra nos indicou: “coccige ou cóccix (do gr[ego] kókkix “cóccix; cuco”), tratando-se de ‘pequeno osso, de formato que foi comparado ao bico do cuco, situado no extremo inferior da coluna vertebral e que corresponde a uma forma rudimentar da cauda dos animais'”.

Já “vértebra” vem do latim VERTEBRA, algo como “articulação em geral, articulação da coluna em especial”, possivelmente de VERTERE, que vem de “virar, voltar” – sempre segundo o Origem da Palavra.

A “hérnia”, que tanto vemos na de disco, vem do latim HERNIA, que significa “ruptura”.

“Lombar” vem de LUMBUS, que é a “parte inferior das costas”.

Fale para ajudar

E é sempre bom utilizar a anamnese: uma entrevista conduzida pelo médico, com o objetivo de identificar os sintomas do paciente e chegar ao diagnóstico.

“Anamnese’ vem grego ANAMNESIS, de “lembrança” ou “ato de trazer à mente”, formada por ANA-, “para trás’, mais a raiz de MIMNEKESTHAI, de “recordar, fazer lembrar”.

Em outras palavras: fale. Conte as dores para o médico, seja bastante objetivo e detalhista. As palavras vão ajudar a identificar seu problema com maior precisão.

Como se vê, para tudo e sempre, a palavra é o que nos une.

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