“Toda dor é silenciosa”, diria o poeta, sabendo que a dor de cada um só conhece quem a sente.
Mas ninguém precisa viver com dor. Não a física, pelo menos. As do coração e as da alma fazem parte da vida e da nossa evolução como pessoas.
Fernando Pessoa escreveu que “o poeta é um fingidor. Finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente. E os que leem o que escreve, na dor lida sentem bem, não as duas que ele teve, mas só a que eles não têm”.
A dor do amor, que o poeta esconde, é para se continuar em busca do próprio amor. Para isso, não há cura, a não ser o próprio amor.
Para quase todas as outras dores, há uma forma de aplacar. Porque ninguém, além do poeta, quer viver com dor.
As dores lombares estão entre as mais comuns, em qualquer fase da vida. “Ela é considerada a maior causa de incapacitação no mundo, além de ser o segundo motivo mais frequente de faltas no trabalho”, de acordo com o jornal médico The Lancet.
Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 7 a cada 10 pessoas, ao longo da vida, vão sentir esse tipo de dor nas costas.
Ela pode ser causada por uma série de fatores distintos, como obesidade, má postura, envelhecimento, sedentarismo, doenças reumáticas e outros.
São dores que irradiam para os membros inferiores e que se agrava com movimentos simples como levantar, sentar e até deitar.
A primeira coisa a fazer quando sentir uma dor lombar é procurar um especialista, para tentar determinar qual a causa e buscar um tratamento.
Uma das saídas é o bloqueio, que consiste na injeção de corticoides ou anestésicos no local, principalmente por comprometimento radicular – que é o comprometimento de nervos que passam pela nossa coluna vertebral.
O bloqueio radicular é indicado para o alívio da dor, nos casos em que pode ser causada por hérnia de disco, estenose, ou uma neuralgia.
Além de aliviar a dor, o bloqueio (ou injeção) pode ajudar no diagnóstico para confirmar a relação entre a raiz nervosa e o local dos sintomas.
Após a aplicação da solução de corticoides e anestésicos, o paciente tem alta em poucas horas.
O tratamento é coadjuvante. No caso da doença degenerativa do disco com compressão nervosa, o bloqueio radicular alivia a dor, mas não impede a evolução do problema.
Já o bloqueio transforaminal é eficaz para a dor radicular e ciática, embora apenas no curto prazo, sem também brecar o avanço natural da doença degenerativa do disco.
O bloqueio facetário (para dores lombares de origem facetária, nas facetas articulares, aquelas pequenas ligações das vértebras, na parte de trás da coluna, que nos permitem rotacionar a estrutura) é igualmente eficaz e seguro para, além de aliviar a dor, ajudar no diagnóstico.
Vale lembrar que a lombalgia crônica específica associada a problemas nas articulações facetarias pode se dar em um universo de 15% a 40% da população.
O método eficiente de aplacar nossas dores lombares será indicado pelo seu médico, após análise criteriosa. Mas infelizmente o bloqueio não é eficaz para as dores de amor.
Essa dor que o poeta finge sentir só tem uma cura: viver. De preferência, sem dor.
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