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Síndrome de Text Neck: sua coluna afetada por um mal dos nossos tempos

Foi em 3 de abril de 1973 que o mundo presenciou a primeira ligação telefônica via aparelho celular da história.

Quer dizer, por “mundo” entenda Joel Stanley Engel, cabeça da equipe de desenvolvimento da AT&T à época, que recebeu a chamada de Martin Cooper, seu concorrente da Motorola, que lhe telefonou do meio da rua, em Nova York, para testar a novidade. Na sequência, também do meio da rua, Cooper ligou para um jornalista do New York Times.

Estava iniciada uma era que nem Cooper, nem Engel imaginaria como seria.

Dez anos depois, os Estados Unidos começavam a vender em escala aparelhos celulares para os bolsos mais recheados do país. Entretanto, anos antes, do outro lado do mundo, o Japão já produzia, desde 1979, muitos destes aparelhos que viriam ser uma extensão do nosso corpo menos de três décadas depois.

Evolução rápida

Na década de 1990, os celulares já haviam se espalhado por todo o mundo, mas ainda não eram exatamente “telefones inteligentes” – não como conhecemos hoje.

Os smartphones se popularizaram mesmo a partir de 2007 (sim, apenas 14 anos atrás!), quando um cidadão chamado Steve Jobs, reconhecidamente um gênio dos nossos tempos, inventou um dos seus bebês mais retumbantes, o iPhone, nascido de seu mantra “pense diferente”.

Jobs morreu quatro anos depois, em 5 de outubro de 2011 (hoje, são 10 anos de sua morte e, no vídeo abaixo, temos a apresentação oficial do iPhone ao mundo, quando ele já aparentava estar bem debilitado), tempo suficiente para ver seu produto revolucionar as comunicações.

A evolução rápida desses aparelhinhos foi potencializada com a implementação comercial do touchscreen, a tela sensível ao toque, dispensando teclados.

Mas, mais do que isso, os smartphones tinham acesso à Internet e chegaram bem a tempo de ajudar a popularizar os aplicativos que igualmente em pouco tempo fariam (quase) todos nós ficar grudados no celular: as redes sociais.

As redes sociais

Ok, você deve ter visto o filme “A Rede Social” (The Social Network, 2010), ganhador de três Oscars, sobre a criação do Facebook.
Mas não foi só ele: o Linkedin é de 2003; o YouTube é de 2005; o Twitter, de 2006; o Instagram, de 2010; o TikTok, a mais nova coqueluche, de 2016.

Já o Whatsapp, maior ferramenta de comunicação da era moderna, é de 2009.

São basicamente elas que fazem a maioria das pessoas ficar grudadas no celular, deixando para segundo plano, inclusive, sua função inicial: o telefone.

Síndrome de Text Neck

Nem tudo que facilita a vida vem sem um preço. Nesse caso, o uso excessivo e constante de smartphones gerou a Síndrome de Text Neck, ou, numa tradução bem livre, síndrome do pescoço de quem manda mensagens (ou digita demais).

A má postura na hora de checar o celular ou digitar faz com que a pessoa acabe acometida de uma cervicalgia, que é uma dor ou rigidez na região cervical, na altura do pescoço.

Médicos da Universidade de São Paulo resumem a cervicalgia como “decorrente de condições sistêmicas, ou de anormalidades viscerais, músculo-esqueléticas ou neurológicas envolvendo a região cervical”.

“Muitas vezes”, seguem os estudiosos, “os exames laboratoriais, eletrofisiológicos e de imagem não identificam precisamente sua origem. Além disto muitas anormalidades, especialmente evidenciadas nos exames de imagem, não são relacionadas às condições álgicas. A região cervical apresenta intensa mobilidade o que condiciona fadiga e degeneração de estruturas regionais ricamente inervadas”.

Quanto aos tipos, eles enumeram: “a cervicalgia músculo-esquelética pode ser aguda, auto-limitada, ou crônica e, frequentemente, é associada à dor em outras regiões. O diagnóstico clínico mais que os exames complementares são (sic) de grande importância no diagnóstico das razões da ocorrência das cervicalgias”.

Nas cervicais

Vale dar uma rápida lembrada em como é a estrutura de nossa coluna: são 33 vértebras, uma em cima da outra, que precisam aguentar o impacto do nosso corpo e cujo conjunto precisa ser flexível o suficiente para as infinitas atividades do corpo humano.

Elas recebem números para serem melhor identificadas pelos profissionais de saúde. Por exemplo, as vértebras cervicais são sete, dão suporte à cabeça e são designadas como C1, C2, C3, C4, C5, C6 e C7, sendo a C1 a que fica no topo e a C7 próxima à T1, a primeira das 12 torácicas.

A Síndrome de Text Neck se dá justamente nas cervicais. A dor na região do pescoço é um dos sintomas mais comuns dessa má conduta postural.

Segundo estudos, a cabeça de um adulto acarreta uma sobrecarga de cerca de 5 quilos, o que pode chegar a até 27 quilos, dependendo da curvatura posicionada da cabeça.

Tratamento

Por ser uma dor acarretada por má postura, o tratamento pede reeducação, fisioterapia ou até mesmo anti-inflamatórios, a depender da orientação médica.

E, claro, uso mais consciente e moderado do smartphone.

Apesar disso, é bom lembrar que tal síndrome é algo tão novo quanto o próprio advento do smartphone moderno (a partir do iPhone de 2007). Ainda carece de mais estudos para entender os impactos na estrutura vertebral.

Consulte o médico

Aos sintomas de dor, consulte seu médico de coluna para saber como proceder.

O mundo não vai voltar para o passado. Os smartphones vão ficar entre nós e vão se tornar ainda mais modernos e imprescindíveis em nossas vidas atribuladas.

A vantagem é que com um clique você pode entrar em contato com o seu médico e se orientar para usufruir sem dores e sem preocupações de todas as maravilhas tecnológicas.

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