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Red Flags: quando é preciso parar e buscar orientação médica

No futebol, quando um jogador comete muitas faltas, ou é indisciplinado ou ainda comete uma falta mais dura, temerária, o árbitro não precisa falar nada, basta tirar o cartão amarelo do bolso e levantá-lo em direção ao atleta.

Esse ato mostra a todos que o jogador está sendo advertido por não respeitar as regras do jogo. É um sinal inequívoco de alerta.

Mas quando ele reincide, ou comete uma infração ainda mais dura ou uma indisciplina ainda mais virulenta, o árbitro levanta o cartão com outra cor, a vermelha.

Agora, ele mostrou a todos no campo de jogo que aquele atleta está expulso de campo por não respeitar as regras de jogo, o árbitro, os adversários e uma das lógicas de se praticar um esporte competitivo, que é a lealdade.

O cartão amarelo é um “atenção!” e o vermelho, um “chega!”.

História dos cartões

Os cartões amarelo e vermelho são tão usuais hoje em dia, que pouca gente se lembra quando e por qual motivo eles foram criados e inseridos no cotidiano do jogo.

Em 1966, na Copa da Inglaterra, numa partida entre Argentina e os donos da casa, houve uma confusão.

Era um jogo tenso, pelas quartas-de-final do torneio. O capitão argentino, Antonio Rattín (em novembro de 2021, ainda vivo, com 84 anos – ele nasceu em 1937), contestou uma falta marcada pelo árbitro alemão Rudolf Kreitlein.

O fato de um falar espanhol e outro, alemão, impossibilitou qualquer diálogo. A situação já vinha complicada pelo histórico da partida conturbada e cheia de faltas e, digamos, “vontade” viril dos jogadores. Haja canela!

Tentando expulsar o atleta de campo (que já havia sido advertido naquela partida), Kreitlein apontava para o jogador e para a direção de fora do gramado. Enquanto não se entendia o que se passava, a partida ficou paralisada vários minutos.

A peleja estava com 35 minutos do primeiro tempo.

Quando tudo se resolveu, a Inglaterra venceu o jogo por 1 a 0, com gol de Geoff Hurst, na segunda etapa. O time da casa avançou para a semifinal, depois para a final e conquistou o seu único título mundial, veja, em cima da Alemanha e com um gol para lá de duvidoso (a bola bateu no travessão, quicou no chão e ficou a dúvida até hoje: entrou ou não?).

Mas para o chefe da arbitragem da Copa do Mundo de 1970, o inglês Ken Aston, a lembrança que ficou foi a discussão entre o argentino e o alemão: como evitar isso?

Atenção e Pare

Aston teve a ideia dos cartões quando estava em trânsito, já na Cidade do México, uma das cidades-sedes daquele mundial, e o semáforo ficou vermelho. Ele lembrou, no site da FIFA: “Eu pensei: ‘amarelo’, pega leve; ‘vermelho’, pare, você está fora”.

Assim, Aston resolveu ao menos o problema de comunicação entre atletas de duas nacionalidades e os árbitros, de outras.

Um cartão amarelo ou um vermelho e pronto, não havia mais discussão sobre as advertências. Sobre as advertências… porque no futebol,
a discussão sempre acontece.

Red Flags na coluna

O princípio é o mesmo do futebol ou do trânsito (ou na praia, onde uma bandeira vermelha tremulando na areia indica que o mar está perigoso): se seu médico se deparar com uma red flag (bandeira vermelha), ele vai parar e pensar em algum diagnóstico e posterior tratamento para seu problema.

São sinais que o médico detecta durante o exame físico, durante a consulta, na conversa com o paciente, que podem se traduzir em problemas mais sérios da coluna.

É o famoso: “opa! Vamos investigar melhor isso!”.

Algumas Red Flags

Se você tem mais de 50 anos, são algumas red flags:

  • Histórico de câncer
  • Uma perda de peso inexplicável
  • Uma dor que já passa de um mês de duração – dor de coluna ou muscular é algo comum, mas não que dure tanto tempo
  • Ausência resposta a um tratamento (pode ser fisioterapia, um remédio etc.)
  • Dor que piora ao descansar, dormir
  • Histórico de uso de remédios na veia
  • Presença de uma infecção, particularmente no trato urinário

Você pode ver mais no vídeo abaixo.

Qualquer um desses sintomas será detectado pelo médico nas suas conversas com ele. O médico saberá levar a conversa para descobrir mais sintomas e, a partir daí, poder realizar exames mais acurados e determinar o problema.

De volta ao jogo

Aliás, pensando melhor, uma bandeira vermelha aqui pode te trazer de volta ao jogo, à qualidade de vida.

É um sinal. É um alerta para você parar e ter um tratamento adequado. E, então, você poderá voltar a ser escalado plenamente para as melhores coisas da vida.

https://www.instagram.com/tv/CUIhDSApiCI/

Escrito por

Dr. Douglas Santos

Ortopedista especialista em coluna
CRM: 117988

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