Ah, o sangue! Esse elemento essencial à vida, com a função de transportar nutrientes, gases respiratórios, de fazer a nossa defesa e imunidade, e que percorre todo o nosso corpo, através das estruturas tubulares que chamamos de vasos sanguíneos.
Os vasos garantem que o sangue seja bombeado pelo coração, chegue às extremidades do organismo, carregando tudo o que é necessário à vida, e retorne ao próprio coração.
O poeta Mário de Andrade, em seu primeiro livro, lá em 1917, lembra que “há uma gota de sangue em cada poema”. Lembra dor, lembra entrega, lembra paixão. Nos remete ao amor, ao coração. É também símbolo de ferida, de batalhas, de guerras – quem não se recorda do U2 cantando “Sunday Bloody Sunday”, descrevendo os sangrentos conflitos na Irlanda do Norte?
O sangue é família, o sangue é garra, é superação, é vermelho. O sangue é quente. Mas o sangue também representa o terror, o alimento de zumbis e de vampiros.
O sangue é a vida nas artes, na mente das pessoas. E, claro, é especialmente essencial na medicina.
Veja o caso do hemangioma. O hemangioma é uma lesão vascular intraóssea, especialmente localizado na lombar ou na torácica da nossa coluna vertebral. É caracterizado por proliferação de vasos sanguíneos nas trabéculas ósseas – e como nos lembra o Houaiss, trabécula é um “pequeno pedaço de substância esponjosa de osso, geralmente unida a outros pedaços semelhantes”.
A incidência é de 10% a 12% da população e normalmente os pacientes são assintomáticos, de modo que a lesão só é identificada a partir da análise de outras demandas numa radiografia, por exemplo.
Entretanto, mais de 30% dos pacientes apresentam lesões em mais de um nível, com uma pequena minoria chegando a apresentar dor ou lesão neurológica. É, entretanto, preciso observar a evolução.
Nenhum tratamento está indicado para os casos leves, o que dá a medida de preocupação que o paciente deve ter com relação ao problema.
Mas nos raros casos sintomáticos, o médico poderá dizer se é caso para alguma intervenção cirúrgica.
O sangue representa, em litros, algo em torno de 7% do nosso peso corporal. Parece pouco, mas sua importância é toda essa que a medicina diz que ele tem.
E talvez seja mais importante, especialmente quando abraçamos alguém da nossa família, que é sangue do nosso sangue; ou quando chegamos perto do amor da nossa vida, que faz nosso coração inchar de satisfação e tentar caber todo sangue que houver nessa terra. Na dor ou no amor, na guerra ou na paixão, há minúsculos vasos sanguíneos alimentando os extremos do nosso corpo com essa preciosidade.
