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Cirurgia endoscópica: uma viagem fantástica e eficiente dentro do canal vertebral

Um cientista estadunidense, que conhece o segredo para manter soldados miniaturizados por um período indefinido, escapa da antiga Cortina de Ferro com a ajuda da Agência Central de Inteligência (CIA). Mas, durante a fuga, seu comboio é atacado.

O cientista bate a cabeça no ataque e fica com um coágulo de sangue em seu cérebro. Para não perder o cientista e seu conhecimento, o exército dos EUA monta uma equipe que, miniaturizada, é injetada no corpo do cientista, em uma espécie de submarino, para navegar por sua corrente sanguínea. Eles têm apenas uma hora para chegar ao cérebro do cientista, remover o coágulo e sair.

A aventura bizarra foi lançada nos cinemas em 1966, chamava-se “Viagem Fantástica” e mostra o interior do corpo humano como uma terra inóspita e cheia de perigos.

Hollywood pode não ter previsto o futuro, mas acaba sempre dando ideias. E muitas vezes elas se tornam realidade.

Não. Calma. Os médicos ainda não injetam submarinos ou coisa que o valha nas pessoas para curá-las ou estuda-las. A bem da verdade, nem é nem será preciso. Mas é sempre bom ver as coisas de mais perto ou por dentro.

Cirurgia Endoscópica

Veja o caso da cirurgia endoscópica, um procedimento cirúrgico usado normalmente para tratar hérnia de disco na região lombar, mas que pode ser utilizada em todas as regiões da coluna.

Para se ter uma ideia, mais da metade da população adulta sofrerá, em algum momento, de dor de coluna. E a hérnia de disco é a causa principal desse mal.

A coluna possui ossos colocados uns sobre os outros, como um edifício. Essas estruturas são as vértebras. Entre cada vértebra, há discos envoltos por um anel fibroso e um núcleo pulposo. Esse disco serve para amortecimento de impactos, caso contrário uma vértebra bateria na outra e aí ninguém conseguiria ficar em pé e andar.

Qualquer alteração na estrutura desse disco intervertebral, causa o problema.

Há diversas formas de tratamento pra hérnia de disco e dor no ciático. Entre elas, a cirurgia endoscópica.

Procedimento

A endoscopia se refere a uma técnica que utiliza um tubo flexível bem fino, com uma câmera em sua extremidade. É com ela que o cirurgião consegue visualizar em tempo real o que se passa dentro do corpo do paciente.

Como se vê, não é nada tão ficção científica assim, é até bem comum em investigações de gastrites, úlceras e outros. Só não temos homens miniaturizados e minissubmarinos à disposição – porque nem precisamos, caros roteiristas de Hollywood.

O endoscópico é justamente o nome desse microtubo “investigador”.

Ele é tão pequeno que permite um acesso minimamente invasivo, de cerca de 0,8 a 1 cm. Mas é justamente sua pequena espessura e precisão que fazem com que o cirurgião evite agredir tecidos, estruturas, ligamentos e diminua o procedimento pós-operatório, especificamente dores e incômodos eventuais, e o tempo de recuperação.

Vantagens e precauções

A simplicidade técnica, a pequena agressão aos tecidos, uma cicatriz quase inexistente, a alta hospitalar no mesmo dia, a não colocação de próteses na coluna e o rápido retorno às atividades cotidianas são algumas das muitas vantagens dessa técnica da medicina.

Não é, entretanto, uma cirurgia para todo e qualquer tipo de problema na coluna. É preciso uma minuciosa investigação por parte do médico para decidir se a intervenção se fará necessária.

Antes de se chegar ao tratamento cirúrgico, há o tratamento clínico, com fisioterapias, analgésicos, infiltração de medicamentos na coluna vertebral (bloqueios neurais), além de reeducação postural.

Sucesso

Assim como “Viagem Fantástica” foi um sucesso – a película acabou sendo refilmada em 1987 como “Viagem Insólita”, adicionando mais aventura e um bocado de comédia – a cirurgia endoscópica apresenta alta taxa de sucesso, sendo um dos avanços mais notáveis nessa área.

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