DOENÇAS

COLUNA

Sinais e Sintomas

As principais queixas na região da coluna vertebral são de dor. Esta pode ser localizada no eixo do tronco (dor axial) ou seguir um trajeto ao braço ou à perna, por exemplo (neste caso, falamos de uma dor irradiada).

As dores podem ser referidas como uma sensação de peso, agulhada ou alfinetada,  choque,  câimbra,  inchaço,  queimação ou dormência, e podem ser agravadas por esforços e/ou por movimentos como flexão, extensão ou rotação vertebral. Pacientes que sentem dores ao deitar podem ser portadores de alguns tipos de hérnias de disco ou, mais raramente, de tumores (tanto benignos quanto malignos).

É importante considerar a presença de sinais de risco (“red flags”): dor há mais de seis meses sem melhora com uso de medicamentos, sobretudo noturna, perda de peso inexplicável, sudorese ou calafrios à noite, fraquezas ou dormência nas pernas, dificuldades de urinar e/ou evacuar são indicativos da necessidade de se pesquisar tumores malignos ou infecções da coluna vertebral.

A seguir, vem o exame físico: na inspeção observamos o aspecto de pele, mucosas, fâneros (unhas e cabelos), presença de manchas, tufos de pêlo ou abaulamentos, desnivelamento de ombros, da cintura, presença de cicatrizes cirúrgicas, entre outros .

Após essa etapa são realizadas uma série de manobras e testes à procura de informações sobre a integridade e funcionamento e a relação entre os sistemas neurológico e osteoarticularmuscular (testes de reflexos, de sensibilidade e de força). Também podemos quantificar as relações das massas que compõem esse sistema (músculos, água e gordura) com exames como a impedanciometria.

Por fim, uma série de exames complementares podem ser solicitados pelo médico assistente. As radiografias fornecem informações sobre a integridade, a simetria, o formato e, de maneira indireta, a densidade mineral dos ossos.

A tomografia computadorizada mostra mais detalhadamente os ossos, articulações, discos e estruturas neurais. Assim como as radiografias, esse exame pode ser utilizado pra visibilização de materiais metálicos, como próteses ou implantes ortopédicos.

A ressonância magnética é o exame mais importante na avaliação por imagem do sistema esquelético, fornecendo ricos detalhes da coluna vertebral, das estruturas neurais e de tecidos e órgão adjacentes, como as vísceras, os vasos sanguíneos e a musculatura, além de fornecer detalhes fundamentais na análise de lesões causadas por doenças tumorais tanto benignas quanto malignas e infecções.

Causas

Na visita ao médico, diversos fatores devem ser considerados, como, por exemplo, a idade do paciente. Crianças e adolescentes com dor de coluna vertebral podem ser acometidos por um tumor benigno conhecido como osteoma osteóide, ou uma alteração da vertebra chamada espondilólise ou espondilolistese.

Jovens adultos podem ter como causas de dor alterações posturais ou o início do processo de desgaste do disco intervertebral, mais conhecido como “discopatia degenerativa”. Este processo pode evoluir para um prolapso (protrusão discal) e, em seguida, para uma lesão mais grave conhecida como hérnia de disco, mais frequentemente localizadas nas regiões lombar ou cervical.

Os idosos quase sempre se queixam de dores causadas pelo envelhecimento de discos intervertebrais, ligamentos e articulações facetárias que agem em conjunto, reduzindo o diâmetro do canal vertebral e pressionando estruturas nervosas que por ali passam. Essa condição é chamada de” estenose” ou “estreitamento do canal vertebral”, e é a causa mais comum de cirurgia de coluna naqueles com mais de 60 anos.

Outras causas mais raras de dor na coluna vertebral são: 

– Deformidades: escoliose e cifose, sobretudo nos adultos;

– Tumores malignos;

– Fraturas de vértebras: em adultos jovens por traumatismo e nos idosos por osteoporose, por exemplo;

– Infecção: fungos ou bactérias;

– Problemas pós-cirurgia: fibroses pós-operatórias, migração ou quebra de implantes, lesões neurológicas iatrogênicas;

– Doenças autoimunes: artrite reumatóide, artrite psoriática, espondilite anquilosante, entre outros.

Algumas vezes, a dor referida no pescoço, no tronco ou na região lombar é oriunda de outros órgãos ou sistemas: um cálculo nos rins ou na vesícula, uma pneumonia, ou uma gastrite podem ser referidas como “dor  nas costas”.

Nenhum exame laboratorial substitui a consulta médica. O médico deve atentar às queixas de dor, sua localização, o início dos sintomas, os fatores agravantes e atenuantes, a frequência, entre outros.

Tratamento

O tratamento das dores da coluna são direcionados de acordo com a causa de dor e sua intensidade, a presença ou não de alterações neurológicas (dormência, perda de força num membro, alterações dos esfíncteres vesical e retal),  hábitos de vida, participação em esportes ou atividades físicas de alta demanda e anseios do indivíduo – todos esses fatores devem fazer parte da elaboração de um plano de tratamento.

As doenças degenerativas da coluna vertebral como a hérnia de disco lombar ou o estreitamento do canal vertebral são, de longe, as causas mais comuns de tratamento. Inicialmente, orientamos uso de medicamentos, fisioterapias, mudanças de hábitos de vida, incentivo ao controle do peso corporal e a prática de atividades físicas e de alimentação saudável.

O sono deve ser abordado de maneira minuciosa: sabemos que hormônios cerebrais como a melatonina e seu precursor, a serotonina,  são fundamentais na regulação do sistema sono-vigília, e suas alterações podem causar dor, fadiga, rigidez matinal, além de outras perturbações. Nesse sentido, cresce o número de indivíduos no planeta com alterações do sono relacionadas ao uso de aparelhos que emitem a luz azul, como televisores, celulares, tablets, entre outros, alterando o funcionamento do cérebro, sobretudo da glândula pineal e, consequentemente, dos hormônios há pouco citados.

Os pacientes refratários aos tratamentos anteriormente descritos podem ser beneficiados com métodos que vêm crescendo continuamente em nosso meio: os chamados “procedimentos minimamente invasivos”. Como vantagem desses tratamentos estão a pouca lesão às estruturas do nosso corpo, a mínima reação inflamatória e cicatricial, baixos riscos de sangramento, rápida recuperação cirúrgica e, consequentemente, retorno às atividades diárias dos pacientes. Além disso, dispensam, na maioria das vezes, o uso de próteses ou implantes ortopédicos. 

Em primeiro lugar estão as infiltrações ou bloqueios neurais: tratam-se da administração de fármacos (anestésicos, anti-inflamatórios, bloqueadores alfa-adrenérgicos, entre outros), que visam à interrupção parcial ou completa do estímulo doloroso ao cérebro. Mais recentemente, o emprego de células tronco tem se mostrado um futuro promissor para este fim por promover a modulação do processo inflamatório e a reparação tecidual.

Além desses, a neuromodulação do sistema nervoso com aparelhos de radiofrequência (também chamado de radiculotomia ou rizotomia) tem ampla referência literária no auxílio aos pacientes com síndromes dolorosas. 

Ainda, como métodos minimamente invasivos e, desde abril de 2021,liberado pela Agência Nacional de Saúde (ANS) do nosso país, está a cirurgia endoscópica de coluna. Por uma incisão na pele menor que 1 centímetro, o cirurgião é capaz de usar um tubo com uma óptica e uma série de instrumentais que podem remover a hérnia de disco e descomprimir uma raiz nervosa em sofrimento. 

Há situações onde a hérnia de disco, o estreitamento do canal vertebral, ou algumas condições como fraturas de coluna, infecções ou tumores podem gerar uma instabilidade nesse eixo e pôr em risco as estruturas nervosas – nessas situações, pode haver a necessidade de cirurgias mais complexas, muitas delas com a colocação de próteses que substituem um disco ou uma vértebra, por exemplo, restaurando a estabilidade e a integridade da coluna vertebral.