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Cifose: as curvas da nossa coluna

Curvas. Vemos curvas em todos os cantos.

Nas pistas de corrida, os pilotos e os carros de Fórmula 1 são altamente exigidos.

Um chute certeiro na bola, que faz curva pela barreira e morre no canto do gol, para a alegria do cobrador da falta, do seu time e dos torcedores.

Praias curvadas são lindas para fotografias especiais.

As curvas daquela moça inflamam desejos.

Até Roberto Carlos cantou “As Curvas da Estrada de Santos”, na época de sua inconsequente juventude – “Se acaso numa curva eu me lembro do meu mundo / Eu piso mais fundo /Corrijo num segundo, não posso parar/ Eu prefiro as curvas da estrada de Santos / Onde eu tento esquecer / Um amor que eu tive, e vi pelo espelho / Na distância se perder”.

Na arquitetura, as linhas sinuosas podem integrar a estrutura ao ambiente e suavizar o impacto para o ser humano.

No design, carros, eletrodomésticos, caixas e até computadores, tudo passa por momentos de aderir a curvas e suavização visual.

O horizonte é curvo, inclusive. Uma simples viagem de avião, a dez mil metros de altura, e temos essa linda visão, graças à curvatura da Terra, este planeta arredondado e maravilhoso que vivemos.

E a nossa coluna também tem curvas. Curvas. Curvas. Curvas. Curvas. Sim, quatro delas.

A curvatura

São quatro as curvas que observamos na coluna: lordose cervical, cifose torácica, lordose lombar e cifose sacro coccígea.

A cifose é uma curvatura para frente, no plano sagital (quando se olha de perfil). Ela não é exatamente uma doença, mas algo natural, que pode ser observada em todas as pessoas. Sua acentuação, sim, precisa ser observada e tratada: a hipercifose.

Uma cifose torácica dentro dos padrões de normalidade varia entre 20 e 45 graus. A hipercifose ocorre acima desses 45 graus.

Cifose postural

Mas você pode chamar de “dorso curvo”. Ela ocorre a partir de uma postura equivocada e viciada. Vê-se especialmente em adolescentes, mas pode ser resolvida com tratamento fisioterápico, além de RPG e outros exercícios posturais.

Cifose congênita

Mas existe a cifose congênita, que vem de uma má formação no desenvolvimento fetal. É consequente de uma ou mais vértebras anômalas.

São três os seus tipos: defeito de formação, com ausência parcial ou total de um ou mais corpos vertebrais; defeito de segmentação, com falta de segmentação entre corpos vertebrais; e defeito misto, que, como o nome indica, é uma associação dos outros dois.

Ela é rara, mas suas complicações podem ser graves, como a paraplegia.

Hipercifose

A doença de Scheuermann é a maior causadora de hipercifose torácica, e sobre ela vamos falar em outra oportunidade.

Mas há outras causas dessa curvatura acentuada: trauma, processo degenerativo, espondilite anquilosante e doenças neuromusculares.

O problema é mais estético, por conta da corcunda, do que propriamente a dor.

Hiperlordose

A hiperlordose lombar é a acentuação da curva na região lombar, associada a uma anteversão pélvica. A partir daí, ocorre um realinhamento de todas as outras curvas da coluna, em uma maneira de compensar.

A hiperlordose cervical, por sua vez, afeta a região superior da coluna.

Aqui, as curvas podem, sim, causar dores.

Má postura, sedentarismo, hérnia de disco, obesidade e gravidez são algumas das causas da hiperlordose.

Nossas curvas

Como se vê, nossa coluna vertebral apresenta curvas tão elegantes quanto a própria natureza ou a habilidade e criatividade humanas. Mas ela precisa ser sob medida para ser funcional e não causar problemas.

Um bom engenheiro de pistas pode fazer curvas suaves para os pilotos. Um bom jogador de futebol, basebol ou basquete, pode lançar a bola com trajetória precisa. O arquiteto saberá suavizar as linhas do seu projeto, com traços sinuosos e elegantes. Um design conseguirá atrair mais compradores de um produto com embalagens insinuantes.

Assim, a natureza nos fez, encorpados, retos, encurvados. Qualquer exagero nessas curvas, um médico ou especialista saberá delinear nossas estruturas.

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