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Plasma rico em plaquetas: nosso corpo ajudando a curar nosso corpo

O ano é 2154. Em mundo distópico, os habitantes de uma Terra superpopulosa vivem em condições péssimas, enquanto outros, os com poder aquisitivo, vivem muito bem, mas em uma estação espacial em órbita do nosso planeta.

Além da qualidade de vida que os desafortunados não podem usufruir, os habitantes da tal estação espacial contam com uma enorme vantagem: as “med-bays”, ou “máquinas médicas”. Nesse mundo injusto, só poucos sortudos podem ficar doentes: basta, então, entrar em uma dessas máquinas e ser curado. E isso vale para qualquer doença.

A história foi contada em um filme de grande orçamento chamado “Elysium”, que foi lançado em 2013, com direção de Neill Blomkamp e que tem no elenco Matt Damon, Jodie Foster, Wagner Moura, Alice Braga e outros.

Mas a ideia de uma “máquina que cura” não aparece só em “Elysium”. Essa parece ser uma obsessão dos roteiristas em Hollywood. Outros filmes fazem alusão a algo do tipo, como em “Prometheus” (de 2012, com direção de Ridley Scott e que faz parte da série de filmes “Aliens”), onde uma tripulante da nave recorre a uma dessas máquinas para tirar um alien que estava sendo gestado dentro dela. Basta entrar, apertar alguns botões e a máquina faz tudo, até mesmo acelera a cicatrização.

Bom, não estamos nesse nível de tecnologia. Não existem máquinas dessas, mas quem sabe no futuro (em 2154?). Apesar disso, podemos contar com uma medicina bastante avançada em tratamentos, aparelhos, medicamentos, anestésicos, próteses e até mesmo compreensões sobre procedimentos. Tudo na medicina é constantemente reavaliado em prol de melhores resultados para o paciente.

Ajuda na cicatrização

Não temos máquinas milagrosas, mas temos um processo que está avançando bastante. Os médicos estão usando o próprio corpo do paciente para ajudar na cura.

Descobriu-se que o plasma rico em plaquetas melhora significativamente o processo de cicatrização. O plasma rico em plaquetas é uma forma de medicina regenerativa que pode aproveitar as habilidades de cura das plaquetas e amplificar os fatores naturais de crescimento que nosso corpo usa para curar o tecido.

Plasma rico em plaquetas é um termo amplo que se refere à preparação autóloga de plaquetas concentradas suspensas em um volume de plasma, que é maior do que um número de plaquetas normalmente presentes no mesmo volume de sangue total.

Traduzindo

Para entender melhor: o plasma é a porção líquida do sangue total. Ele é composto principalmente de água e proteínas, um meio para que os glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas circulem pelo corpo. Já as plaquetas são células sanguíneas que causam coágulos sanguíneos e outras funções necessárias de cura, por exemplo.

As plaquetas contêm uma infinidade de fatores de crescimento, muitos dos quais são cruciais no processo de cicatrização dos tecidos. Esses fatores de crescimento participam de processos fundamentais de cicatrização do tecido, auxiliando em vários aspectos, como nos mecanismos de angiogênese, recrutamento celular, reepitelização, cartilagem e formação da matriz óssea.

ALERTA DE PALAVRÃO: a reepitelização é a etapa de cicatrização de um ferimento que se caracteriza no crescimento do epitélio ao redor da ferida, a famosa casquinha, quando tal recuperação acontece na parte externa do corpo.

Pois bem, ativar as plaquetas desempenha um papel fundamental no processo natural de cura do corpo.

Injeções

A terapia com plasma rico em plaquetas (PRP, sigla que serviu tanto para o português, quando para o original em inglês, de platelet-rich plasma) usa injeções de uma concentração de plaquetas do próprio paciente para acelerar a cicatrização em muitos casos, como tendões, ligamentos, músculos e articulações. É o próprio paciente se curando com suas próprias armas. Para quê precisamos de uma máquina milagrosa, então?

As plaquetas ativas (concentradas por processo de centrifugação) são injetadas diretamente no tecido corporal ferido ou doente.

A técnica serve para o meu problema?

Essa é a pergunta mais valiosa. Para responde-la, é preciso obviamente a expertise de um médico. Em outras palavras, é preciso consultar o seu para saber se é possível, pois cada caso é um caso.

Mas só de saber que estamos avançando em direção ao futuro já mostra que a humanidade sempre está procurando evoluir. Melhor ainda é saber que nosso próprio corpo pode nos ajudar. Isso nenhum roteirista em Hollywood imaginou.

Se você tiver coragem, eis a cena de “Prometheus”:

Escrito por

Dr. Douglas Santos

Ortopedista especialista em coluna
CRM: 117988

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